O Cuidado para com os mortos. Como Israel trata os corpos mortos.

Alekhem!

"Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Kenan, ali me enterrarás. E agora subirei, rogo-te,e enterrarei a meu pai, e voltarei." Bereshit 50:5 (Genesis)


O cuidado para com os mortos, em seu corpo, é um dos costumes mais antigos, e respeitados entre os Hebreus. Assim, foi nosso Patriarca Yossef, nesta passagem da Torah, com referência à morte de seu pai Yaaqob (Jacob), de bendita memória.
Yossef, estando no Egito, ordenou que seus médicos embalsamassem o corpo do falecido seu pai, para que então pudesse levá-lo até o local que escolhera em Kenan (Canaã) para ali esperar a ressurreição, certamente.

Essências aromáticas eram, e ainda são, costumeiramente passadas sobre o corpo sem ruach, sendo assim, a última preparação antes da despedida.
Cremação, um ato desonroso perante a Torah, e que, segundo crença judaica, não obtém a ressurreição. Tumbas, e sepulcros tipo caixas, ou caixão, também são despresados, para enterro de israelitas. Somente uma pano de linho, ou de algodão envolve o corpo do defunto, para a sepultura, seja na terra, ou em galerias cravadas numa gruta, onde o corpo enrolado e previamente aromatizado, estará em contato apenas com o pó da terra, ou uma gélida pedra. Rituais, antes de tudo, se pensando no Dia em que novamente seremos chamados à Vida, LeChay, e o corpo receberá novamente, e agora eterno, o sopro do Criador, Baruch HU.

Eis aqui, uma notícia a esse respeito, dentro da atualidade de Israel, acerca deste cuidado Milenar:

MUÇULMANOS NA CHEVRA KADISHA-ZAKA


Dez voluntários muçulmanos, oriundos de tribos beduínas em Israel, completaram a sua formação e serão os primeiros não judeus a integrar o ZAKA, um acrônimo hebraico para Identificação de Vítimas de Desastres, cujos voluntários fazem, por devoção religiosa, um trabalho que poucos invejam. Seguindo os preceitos judaicos para o cuidado dos restos mortais, os voluntários do ZAKA dedicam-se a recolher todos os bocados dos corpos das vítimas de atentados e restos de sangue o que, sendo sempre um trabalho exigente, no caso de explosões se torna particularmente complexo.

As leis religiosas judaicas impõem regras rigorosas para o enterro dos mortos. Os restos mortais devem ser purificados de quaisquer impurezas, lavados numa corrente de água contínua e embrulhados em tiras de algodão branco antes de serem enterrados. A cremação, por exemplo, é expressamente proibida. Os voluntários não limitam o seu trabalho a judeus. Recolhem os corpos de qualquer morto para entrega à sua família incluindo, em casos de atentados suicidas, os corpos dos terroristas.

Grupos partem com frequência para cenários de acidente noutros países, como quedas de avião ou desastres naturais. No tsunami asiático ficaram conhecidos como “aqueles que dormem com os mortos” pela sua disponibilidade de trabalhar dia e noite. Contudo, uma vez que os voluntários do ZAKA são principalmente judeus ortodoxos, as equipes não podiam entrar em ação no sábado ou em alguns dias santificados. Esse problema fica agora resolvido com a entrada dos voluntários muçulmanos.

De fato, as regras islâmicas para o tratamento dos mortos são praticamente idênticas às judaicas, e o respeito pelos restos mortais é o mesmo. “Não estamos fazendo favores a ninguém”, garante um dos novos voluntários, “estamos apenas cumprindo a nossa missão enquanto seres humanos”.
Notícias das Rua Judaica.


Interessante, pois quando morreu Abraham, o pai dos futuros muslin, Ishmael, fez a mesma coisa que seu irmão, o futuro pai dos israelin, Ytschaq:
"E exalou, e morreu Abraham com boa velhice, idosa e plena, e foi reunido ao seu povo. E o enterraram Ytschaq e Ishmael, seus filhos, na cova de Machpelá, no Campo de Efron ben Tsôchar, o Chiti, em frente de Manré" Bereshit 25:8.9 (Gênesis)
A mesma ritualística há nos dois irmãos.

Shabat !
27 de Thisrei.

Muito bom seu texto... Nos mostra a preocupação dos antigos em resguardar o corpo para ressurreição, vemos nos Evangelhos que com Yeshua foram tomados os mesmos cuidados.
Antes da morte:

Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça, estando ele reclinado à mesa. Quando os discípulos viram isso, indignaram-se, e disseram: Para que este disperdício? Pois este bálsamo podia ser vendido por muito dinheiro, que se daria aos pobres. Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes. Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo a fim de preparar-me para a minha sepultura. Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua. (Mat 26:6-13)

Depois da morte:
E, vinda já a tarde, chegou um homem rico, de Arimatéia, por nome José, que também era discípulo de Jesus. Este foi ter com Pilatos, e pediu-lhe o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que o corpo lhe fosse dado. E José, tomando o corpo, envolveu-o num fino e limpo lençol, o pôs no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha, e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou-se. (Mt 27:57-60).

Seu texto está intimamente ligado com o que se procedeu com o Mashiach.

Teus comementários me fazem lembrar de como alguns ladrões eram tratatos após a morte, ao invés de receberem o embalsamento eram queimados no geena, demonstrando assim o desprezo que a sociedade mantinha com aquela pessoa. A mentalidade era que queimando o corpo do ímpio esse perderia o direito da ressurreição. Por conta da crença da ressurreição do corpo, quanto melhor o tratamento do corpo melhor era a ressurreição da pessoa e segundo seu texto alguns ainda seguem essa linha de raciocinio. ebenezer!

O judeu é dado a valorizar o corpo de seu morto? Ou para o mesmo tanto faz ser enterrado ou cremado?

Pergunto isso porque vejo na bíblia que depois que abraão comprou a sepultura de sara os seus depois foram cuidadosamente sepultados no mesmo local. Jacó, que enterrou Léia com seus pais, fez questão de ser levado à Canaã para ser sepultado no mesmo túmulo. José fez questão e conjurou o povo a levar seus ossos do egito.

É só coincidência ou o povo judeu valoriza mesmo o corpo físico após a morte?

pela biblia o corpo de Moisés foi disputado entre um arcanjo Miguel e o Satan,
então parece que não são só os homens que valorizam o corpo após a morte

Judas1:9
Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Satan, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda.

Leite,

Judas 1:9: Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Satan, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juizo de maldição contra ele, mas disse: O Senhor te repreenda.

Se D'us, indicasse o local da sepultura de Moisés, satanás teria instigado o povo a idolatrar seus ossos. Veja que interessante , disse: O Senhor te repreenda, satanás queria saber aonde estava o corpo de Moisés porque ele não o encontrava D's escondeu-o para evitar a idolatria , um facto parecido com este é o túmulo de Davi que estava em Jerusalém Actos 2;29 seus osso são reverenciados até hoje. Pergunto: imagine se fossem os de Moisés????
, até hoje. Pergunto: Imaginem se fossem de Moisés

Hashaliach...

Eu juntei os tópicos, a resposta da sua pergunta está acima.

Darley,

...Cremação, um ato desonroso perante a Torah, e que, segundo crença judaica, não obtém a ressurreição...

Uma dúvida: e no caso de uma fatalidade - morte carbonizada.
O que é feito?

a todos!

Sabemos que o movimento judaico messiânico está crescendo no Brasil e no mundo. Neste sentido, acredito que não se deva neglicenciar com relação a construção de cemitérios pelos judeus messiânicos.

A propósito, Xan! Como é aí em Israel o enterro dos judeus messiânicos? Há um cemitério específico? Sei da perseguição que sofrem pelos ortodoxos e como o governo faz "vista grossa" com relação a tudo isto. Gostaria de saber se há a possibilidade dos irmãos messiânicos daí terem um cemitério específico, ou a lei de Israel não os possibilita a isto?

!

Alex_Maciel escreveu:Uma dúvida: e no caso de uma fatalidade - morte carbonizada. O que é feito?

Alex.
"Rabi Hilel, vendo um crânio boiando num rio disse:'porque afogaste outras pessoas foste afogado, e quem te afogou virá também a ser afogado." Pikê Avot II, 4

Esta sentença de Hilel parece ser injusta, porém a justiça divina não falha. Sendo assim, Rabi Hilel nos deu a entender que, com o Mal que ele fizera, com o mesmo padecera, e o mesmo ocorreria com seu assassino. Estes serão julgados, em vida, e depois, na eternidade, pela condenação não serão redimidos.
Uma morte carbonizada, como tu dizes, pode revelar muitas coisas. Eu tenho conhecimento de alguns conhecidos que morreram desta forma. Acidente, sempre acidente. Porém, será que o mesmo não se aplicaria com esta forma de morte? Vejamos: por que a TORAH não relata enterros de mortos pelo fogo? Porque, simplesmente ao ser queimado, o corpo volta a ser cinzas em questão de minutos. Não há um retorno gradual, como foi ao se iniciar a sua vida com a junção de duas células. O entendimento judaico, com relação à morte do corpo é que, a cada minuto, o crescimento das células nos revelam o novo ser, que virá ao mundo. Ele já está no mundo, pela presença no útero da mãe, porém ainda não faz parte de todo o conjunto material, por ser totalmente dependente da genitora.
Da mesma forma, quando o corpo morre, ele deverá ser retrocedido lentamente, como idealizado pelo CRIADOR, bendito seja ELE. Assim, como cada célula se transformava e crescia, agora, morto, cada uma destas células serão decompostas, até que nada mais sobre daquilo que tinha vida. Assim como a nefesh adquire vida em sua entrada neste mundo, a mesma se despedirá deste mundo. Como 9 meses são necessários, para se formar e estar preparado para deixar o útero, assim também 9 são os meses de se deixar este mundo. " Porque a alma está no sangue" e enquanto o sangue ainda está dentro do 'cadáver', a nefesh não o deixou. "E tirareis águas, com regozigo, da fonte de Salvação", serão 9 meses para que o corpo fique 'seco', pois a Salvação pertece a H"SHEM.

Uma morte carbonizada, fora do natural do homem, seja idade ou doença, pode ser considerada como um julgamento divino, de uma obra mal-engendrada, talvez até escondida, daquele que teve este trágico fim. Este é o nosso pensamento, Alex, e eu o tenho comigo. Recentes percas em minha família, nenhuma destas formas (afogado ou carbonizado), B'H, tem me feito meditar e muito na questão da mot, morte. Mas, um pensamento bom, pois como diz o Talmul Sanhedrin 47: "O enterro não é para o bem dos vivos, e sim dos mortos"


!

Interessante Darley,

Posso então entender que uma pessoa que morreu carbonizada pode, de certa forma, ter sido condenada em vida por algum mal que tenha cometido? E que esta não obterá ressureição?
(Que dirá daqueles que preferem a cremação do que o enterro, hehe!)

E como no exemplo que você citou de Rabi Hilel: a 1º pessoa, a que sofreu inocentemente, teria o mesmo fim (não obterá ressureição)?

Talmul Sanhedrin 47: "O enterro não é para o bem dos vivos, e sim dos mortos"

Nunca havia pensado no enterro como um benefício...

chaver!

Darley,

Um corpo dificilmente será totalmente transformado em cinzas pelo fogo, caso isto aconteça, como os judeus procedem com o corpo ou o que ficou dele, por exemplo: os ossos...

Prisca escreveu:Um corpo dificilmente será totalmente transformado em cinzas pelo fogo, caso isto aconteça, como os judeus procedem com o corpo ou o que ficou dele, por exemplo: os ossos...

Normalmente se dará sim sepultura, mas o caso evidenciado acima é por motivos espirituais. Lógico, que a família não deixará seu morto sem sepultura, porém sabemos que antigamente os pais eram muitos mais zelosos com o cumprimento da TORAH do que hj. Vemos estes sinais nas destruições dos muitos povos que habitavam Kenaan. O corpo queimado vira carvão. O que aquece o fogo é a brasa, e ela é viva. O carvão apagado de nada serve.......Mas, como o Alex frisou, o enterro é um benefício, sim senhor......
Laila tov!

Irmãos.....

A incineração não é e nem pode ser considerada castigo divino, não pode haver generalização!!!!

Aquele que morre queimado ou mesmo depois de morto recebe tal tratamento, ressuscitarão mediante a vinda de Yeshua ou pós-milênio, basta conferirmos o que as Escrituras vertem em Dn 12:2, Jo 5:29 e Ap 20;4 e 15.

Todos os mortos de todas as eras serão ressuscitados, inclusive os que no passado receberam diretamente o castigo divino, derramado na forma de fogo (sodoma) (Mt 10:15, 11:24 e Lc 10:12).

Amigos o homem após morto seu corpo voltá ao pó e incineração nada é mais que isso.

No caso dos afogados vemos que o mar tbm devolverá seus mortos (ap 20:13).

A questão do Zelo que os judeus tinham e tem a respeito do corpo é tão e simplesmete questão de tradição e não orientações divinas. Acreditar que um corpo que sofreu algum tipo de mutilação não pode ser ressuscitado é alegar que YHWH é incapaz de criar do nada.

Adonay.

"A questão do Zelo que os judeus tinham e tem a respeito do corpo é tão e simplesmete questão de tradição e não orientações divinas. Acreditar que um corpo que sofreu algum tipo de mutilação não pode ser ressuscitado é alegar que YHWH é incapaz de criar do nada."

Perfeita sua colocação irmão Diego! Eu nunca vi nada (orientações) a respeito do sepultamento dos mortos na Bíblia como um todo, daí a minha pergunta.

Não creio que haverá diferença entre os justos ressuretos das mortes mais distintas (destroçado/comido por animais, infarto, fogo, água, bomba, ....) e nem entre os ímpios. A única diferença significativa que me vem à mente do que haverá de diferença após a ressureição é mesmo a diferença entre justos e ímpios.

Particularmente, exagerando, creio que o defunto não é mais que 'um peso morto' (rs), pois sua alma não está mais naquele tabernáculo de carne, aquela fase da existência passou. Se fazemos alguma cerimônia em respeito ao morto creio que não é por ele em si, mas sim em consideração aos vivos que ficam, que sofrem, que porventura foram injustiçados, que sentem saudades...

Isso me faz pensar se o desejo de ser sepultado com os ancestrais (como foi o desejo de jacó e como era/é o costume dos reis) não passa mesmo de uma vaidade humana. Nada de mal, mas não mais que isso.