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Mulheres, Calem a Boca!
Torah Web :: Escrituras :: Assunto geral :: Reflexões
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Mulheres, Calem a Boca!
"Mulheres, Calem a Boca???
Por Sha'ul Bentsion
(Pérola do Aramaico)
Uma das passagens mais difíceis de digerir nas Escrituras é onde supostamente
Rav. Sha'ul (Paulo) ordena que as mulheres calem a boca. Por muito tempo, eu
mesmo me senti bastante desconfortável com tal passagem, buscando entender o
contexto de modo a tentar esclarecer o que aparentava ser uma demonstração de
machismo por parte de Rav. Sha'ul.
O texto das filhas de Bavel (Babilônia) diz:
"As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar;
mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja." (1 Co 14:34-35 – Almeida, do Grego)
Além do evidente machismo, há duas coisas que não batem aqui com o restante das
Escrituras. A primeira é que a Torá nunca ordenou que as mulheres ficassem caladas.
A segunda é o desencorajar as mulheres a quererem aprender da Palavra nas congregações.
A própria atitude de Yeshua é contrária a isso.
Será que o aramaico tem algo a nos ensinar? Poderia o grego estar fazendo alguma
leitura equivocada do aramaico?
A resposta é sim! E o problema encontra-se em quatro expressões do aramaico, que o
tradutor grego, talvez por desconhecer a cultura semita, se equivoca ao traduzir.
A primeira delas é "shatiycan", traduzida pelo grego como "calar-se".
O problema é que "shatiycan" não significa calar-se, mas sim acalmar-se. É uma expressão usada particularmente para quando alguém está exaltado.
A segunda é "d'anmalan", que é uma expressão rara no aramaico bíblico, e que é traduzida pelo grego como "falar".
Porém, é melhor entendida como um "falar exaltadamente". Essa expressão ainda vem junto com "aela", que significa "lamentar em voz alta".
Temos portanto "d'anmalan aela" como um "bate-boca."
Ou seja, as mulheres de Corinto não estavam falando ou indagando normalmente, mas sim estavam batendo boca.
A terceira é "d'shalan l'bayelaehin", que pode significar "perguntar ao marido" mas também "ter paz com o marido."
Dentro do contexto de "d'anmalan", vemos que a traduzção que mais cabe é de fato "ter paz com o marido."
Por fim, temos a expressão "d'nialpan" que pode ser traduzida como "aprender" ou "ensinar".
O grego opta por "aprender", reduzindo o aprendizado a mulher ao lar, o que contraria as Escrituras.
Porém, se entendermos aqui "d'nialpan" como "ensinar", temos Rav. Sha'ul (Paulo) dizendo para as mulheres (dentro do contexto acima): Se querem ensinar alguma coisa, tende paz. Ou seja, ninguém consegue ensinar nada brigando. Muito mais razoável para o contexto.
Reparem também que o contexto do versículo anterior, que fala de confusão nas kehilot (Congregação) como não procedendo de D-us também favorece a leitura aramaica, em detrimento da grega.
Entendida a sucessão de trapalhadas do tradutor grego, responsáveis por algumas das piores atitudes machistas nas congregações, temos a tradução literal a partir do aramaico:
"porque Elohim não é Elohim de confusão, mas sim de shalom. Como em todas as kehilot dos santos, mulheres: fiquem calmas na kehilá (igreja). Não é portanto permitido brigar, conforme afirma a Torá (Lei).
Se desejarem ensinar algo em vossos lares, tende paz com vossos maridos.
Vergonhosa é para a kehilá a briga." (1 Coríntios 14:33-35 do aramaico.
Vergonhosa é a briga, e não a mulher que anseia por aprender da Palavra.
Outra passagem extremamente controversa encontra-se na primeira carta de Rav. Sha’ul (Paulo) a Timóteo, no segundo capítulo.
Lemos o seguinte na versão das filhas de Bavel:
“A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.” (1 Timóteo 2:11-12, Almeida – do Grego)
Essa passagem também tem sido usada para convencer as mulheres a se sujeitarem ao jugo da dominação masculina. Curioso seria que Rav. Sha’ul (Paulo) dissesse que não é lícito que uma mulher domine sobre um homem (no sentido de ser sobre ele), quando temos na história de Israel pessoas como D’vorah (Débora), que foi juíza sobre o povo.
Será que Rav. Sha ’ul (Paulo) estava indo contra o Tanach?
Também não é verdade que tal tendência tenha vindo do Judaísmo, pois como já
estudamos aqui, as mulheres eram extremamente ativas na comunidade primitiva.
A filha do Rebe Akiva, por exemplo, era uma figura que ensinava até a homens.
Mas então, o que será que diz o aramaico?
Segue a passagem literal:
“an'taa b'shelyaa hoat yalp'aa b'kul shuobedad l'an'taa geir l'malapuo loa mepas ana
l'mamrachuo eal ga'bra aela t'hoea” (1 Timóteo 2:11-12 – Peshitta)
A tradução literal, palavra por palavra, seria:
“esposa com calma seja ensinar em tudo com alegria à esposa portanto convencer eu não ouse trazer homem queixa fique calma”
Arrumando a frase, temos a seguinte tradução a partir do aramaico:
“Seja todo o ensinar da esposa com calma e com alegria. Estou convencido, portanto, que a esposa não deve trazer queixa do marido, mas deve ficar calma.”(1 Timóteo 2:11-12 – Teshuvá 2ª Edição – A partir do aramaico)
Agora reparem no contexto. Logo acima desse texto, Rav. Sha’ul (Paulo) fala sobre
sobriedade na congregação. O que então estava acontecendo na comunidade???
Mulheres estavam se aproveitando do momento em que tinham a palavra para ensinar, e estavam trazendo A PÚBLICO queixas de seus maridos.
O ensinar estava sendo uma desculpa para jogar pedras no marido, e tentar obter aprovação da congregação no assunto. Isso porque possivelmente as mulheres tinham pouca voz ativa dentro de casa, e por isso queriam se valer da congregação para tentarem prevalecer em seus argumentos.
Aliás, isso é algo que é possível ver mesmo hoje em dia. A recomendação de Rav.
Sha’ul (Paulo) é clara: tenham calma no ensinar, e evitem alfinetar uns aos outros.
Em suma, poderíamos resumir com o famoso ditado que temos no português: “roupa suja se lava em casa.”
Em nenhum momento o aramaico dá qualquer indício de que Rav. Sha’ul (Paulo) teria
mandado as mulheres aprenderem caladas. Até porque, no contexto semita, faz parte e é considerada saudável a exposição e o debate dos textos, onde todos são encorajados a participarem.
Infelizmente, o grego contribuiu para que o machismo fosse justificado por tal tradução
odiosa.
Baruch HaShem, porque o Eterno nos revela a verdade!"
Por Sha'ul Bentsion
(Pérola do Aramaico)
Uma das passagens mais difíceis de digerir nas Escrituras é onde supostamente
Rav. Sha'ul (Paulo) ordena que as mulheres calem a boca. Por muito tempo, eu
mesmo me senti bastante desconfortável com tal passagem, buscando entender o
contexto de modo a tentar esclarecer o que aparentava ser uma demonstração de
machismo por parte de Rav. Sha'ul.
O texto das filhas de Bavel (Babilônia) diz:
"As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar;
mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja." (1 Co 14:34-35 – Almeida, do Grego)
Além do evidente machismo, há duas coisas que não batem aqui com o restante das
Escrituras. A primeira é que a Torá nunca ordenou que as mulheres ficassem caladas.
A segunda é o desencorajar as mulheres a quererem aprender da Palavra nas congregações.
A própria atitude de Yeshua é contrária a isso.
Será que o aramaico tem algo a nos ensinar? Poderia o grego estar fazendo alguma
leitura equivocada do aramaico?
A resposta é sim! E o problema encontra-se em quatro expressões do aramaico, que o
tradutor grego, talvez por desconhecer a cultura semita, se equivoca ao traduzir.
A primeira delas é "shatiycan", traduzida pelo grego como "calar-se".
O problema é que "shatiycan" não significa calar-se, mas sim acalmar-se. É uma expressão usada particularmente para quando alguém está exaltado.
A segunda é "d'anmalan", que é uma expressão rara no aramaico bíblico, e que é traduzida pelo grego como "falar".
Porém, é melhor entendida como um "falar exaltadamente". Essa expressão ainda vem junto com "aela", que significa "lamentar em voz alta".
Temos portanto "d'anmalan aela" como um "bate-boca."
Ou seja, as mulheres de Corinto não estavam falando ou indagando normalmente, mas sim estavam batendo boca.
A terceira é "d'shalan l'bayelaehin", que pode significar "perguntar ao marido" mas também "ter paz com o marido."
Dentro do contexto de "d'anmalan", vemos que a traduzção que mais cabe é de fato "ter paz com o marido."
Por fim, temos a expressão "d'nialpan" que pode ser traduzida como "aprender" ou "ensinar".
O grego opta por "aprender", reduzindo o aprendizado a mulher ao lar, o que contraria as Escrituras.
Porém, se entendermos aqui "d'nialpan" como "ensinar", temos Rav. Sha'ul (Paulo) dizendo para as mulheres (dentro do contexto acima): Se querem ensinar alguma coisa, tende paz. Ou seja, ninguém consegue ensinar nada brigando. Muito mais razoável para o contexto.
Reparem também que o contexto do versículo anterior, que fala de confusão nas kehilot (Congregação) como não procedendo de D-us também favorece a leitura aramaica, em detrimento da grega.
Entendida a sucessão de trapalhadas do tradutor grego, responsáveis por algumas das piores atitudes machistas nas congregações, temos a tradução literal a partir do aramaico:
"porque Elohim não é Elohim de confusão, mas sim de shalom. Como em todas as kehilot dos santos, mulheres: fiquem calmas na kehilá (igreja). Não é portanto permitido brigar, conforme afirma a Torá (Lei).
Se desejarem ensinar algo em vossos lares, tende paz com vossos maridos.
Vergonhosa é para a kehilá a briga." (1 Coríntios 14:33-35 do aramaico.
Vergonhosa é a briga, e não a mulher que anseia por aprender da Palavra.
Outra passagem extremamente controversa encontra-se na primeira carta de Rav. Sha’ul (Paulo) a Timóteo, no segundo capítulo.
Lemos o seguinte na versão das filhas de Bavel:
“A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.” (1 Timóteo 2:11-12, Almeida – do Grego)
Essa passagem também tem sido usada para convencer as mulheres a se sujeitarem ao jugo da dominação masculina. Curioso seria que Rav. Sha’ul (Paulo) dissesse que não é lícito que uma mulher domine sobre um homem (no sentido de ser sobre ele), quando temos na história de Israel pessoas como D’vorah (Débora), que foi juíza sobre o povo.
Será que Rav. Sha ’ul (Paulo) estava indo contra o Tanach?
Também não é verdade que tal tendência tenha vindo do Judaísmo, pois como já
estudamos aqui, as mulheres eram extremamente ativas na comunidade primitiva.
A filha do Rebe Akiva, por exemplo, era uma figura que ensinava até a homens.
Mas então, o que será que diz o aramaico?
Segue a passagem literal:
“an'taa b'shelyaa hoat yalp'aa b'kul shuobedad l'an'taa geir l'malapuo loa mepas ana
l'mamrachuo eal ga'bra aela t'hoea” (1 Timóteo 2:11-12 – Peshitta)
A tradução literal, palavra por palavra, seria:
“esposa com calma seja ensinar em tudo com alegria à esposa portanto convencer eu não ouse trazer homem queixa fique calma”
Arrumando a frase, temos a seguinte tradução a partir do aramaico:
“Seja todo o ensinar da esposa com calma e com alegria. Estou convencido, portanto, que a esposa não deve trazer queixa do marido, mas deve ficar calma.”(1 Timóteo 2:11-12 – Teshuvá 2ª Edição – A partir do aramaico)
Agora reparem no contexto. Logo acima desse texto, Rav. Sha’ul (Paulo) fala sobre
sobriedade na congregação. O que então estava acontecendo na comunidade???
Mulheres estavam se aproveitando do momento em que tinham a palavra para ensinar, e estavam trazendo A PÚBLICO queixas de seus maridos.
O ensinar estava sendo uma desculpa para jogar pedras no marido, e tentar obter aprovação da congregação no assunto. Isso porque possivelmente as mulheres tinham pouca voz ativa dentro de casa, e por isso queriam se valer da congregação para tentarem prevalecer em seus argumentos.
Aliás, isso é algo que é possível ver mesmo hoje em dia. A recomendação de Rav.
Sha’ul (Paulo) é clara: tenham calma no ensinar, e evitem alfinetar uns aos outros.
Em suma, poderíamos resumir com o famoso ditado que temos no português: “roupa suja se lava em casa.”
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