Maior loja do mundo não trabalha no sábado

Fernando Bisker - Miami - Editado por Ana Bisker

Para você que ainda não conhece a B&H, a maior loja do mundo de câmeras fotográficas, localizada em NY: Eleita pelo público americano como a Loja Número #1 (Number One) online em venda de produtos eletrônicos, ultrapassando em preferência as gigantes Amazon.com, Costco.com e até CircuitCity.com. A B&H conta com vendas acima de 100 milhões de dólares ao ano, e tem 1500 empregados em sua folha de pagamento. Investiguemos um pouco mais o que há de trás deste império...

Seu proprietário, um judeu ortodoxo hassídico, chama-se Herman Schreiber. Sua esposa chama-se Blimie (daí o nome — B&H). Muitos achavam que B&H eram as iniciais de "Baruch Hashem" — "Graças a Deus" em hebraico — mas na verdade são as iniciais dos nomes dos proprietários, que abriram suas portas no ano de 1970.

O que difere esta loja de diversas lojas desta magnitude é que eles fecham, inclusive sua loja online, em respeito ao Shabat (de sexta-feira a tarde até sábado a noite), e também nos feriados judaicos (e note que não são poucos).

Na semana passada por exemplo, passamos o feriado de Shavuot, que durou dois dias (de terça-feira a noite até quinta-feira a noite). E lá está o anúncio online.

Extraído do site da B&H em Português:

http://www.bhphotovideo.com/bnh/controller/home?O=
NavBar&A=changeLanguge&Q=&ul=P&umse=0



Estarão fechados durante dois dias consecutivos, sem vendas no local e sem vendas online. Vale lembrar que não foi a fama nem a riqueza que fez com que os donos da B&H concedessem a si mesmos o "luxo" de fechar as portas no Shabat e feriados. Desde a pequena lojinha, em 1970, a regra já existia e era intocável.

Há também no mundo diversas outras empresas, cujos proprietário são judeus religiosos, que não deixam de lado seus princípios, independente da proporção de seus negócios. Esses acabam tornando-se pilares também para a sociedade comum, que percebe a força dos valores bíblico, trazendo à tona um novo patamar para a vida comunitária e para o mundo dos negócios.

O Talmud diz que, antes de entrar de sócio em qualquer negócio, é aconselhável dar uma pesquisada no mazel (sorte) do parceiro em potencial. Todos já nos deparamos com aquelas pessoas "azarentas"... São aqueles que, sem fazer esforço, parece que a "má sorte" vem até eles: justo ao comprar determinadas ações, percebem que no dia seguinte despencaram; compram um terreno, e justo descobrem que há um embargo da prefeitura, e por aí vai. Em contra-partida, também conhecemos aqueles que parecem ter o "toque de midas", cujos terrenos sempre acabam ganhando um mega investimento bem ao lado, e por aí vai — também...

Sem dúvida, de uma forma geral, o sucesso pode ser conquistado através do estudo, da preparação, da dedicação e do esforço dedicado a um determinado negócio ou empreendimento. No entanto, existe também, infelizmente, uma categoria (em que muita gente se enquadra) que mesmo com todos esses pré-requisitos, acaba não dando tão certo. Enfim, o fato é que todos nós necessitamos uma certa mazel nos negócios.

É por isso que os donos da B&H não tem medo de fechar suas portas e seu portal online no Shabat e nas festas, pois sabem que aí reside a fonte de sua mazel. Eles enxergam um propósito maior, e contam com uma ajuda superior, vinda de Deus, que determina que, apesar de seus vendedores serem hassídicos (falando metade idish e metade inglês), e apesar de fecharem seu negócio em todos os feriados judaicos, e muitos outros fatores que poderiam colocá-los em desvantagem perante a concorrência, continuam sendo a maior loja do mundo em câmeras fotográficas, e uma das maiores em vendas mundiais de eletrônicos.

Para concluir: para quem é judeu, e tem um negócio, tem seus princípios religiosos estabelecidos e está em dúvida se vale a pena ou não fechar as portas no Shabat — não tenha medo, acredite no que você faz, e saiba que você não vai sair perdendo.